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Dr. Jekyll e o Monstro

Dr. Jekyll e o Monstro

A história que muitos conhecem sobre um homem que possuía uma dupla personalidade, sendo essa um monstro, e que vivia lutando contra ela para garantir o controle de seu corpo, na verdade, foi baseada na vida de um membro muito respeitado da sociedade de Edimburgo, que viveu nos anos 1741 à 1788, chamado William Deacon Brodie. 

William Deacon Brodie

Brodie foi um marceneiro habilidoso e um membro da Câmara Municipal, bem como diácono da Incorporação de Wrights e Maçons. Era de desconhecimento para a maioria dos fidalgos a ocupação noturna e secreta que Brodie tinha, que era a de líder de uma gangue de assaltantes. Uma atividade extracurricular que era necessário para sustentar o seu estilo de vida extravagante, que incluía: duas amantes, inúmeras crianças e um vício por jogos. 
Como auxílio para suas atividades noturnas, Brodie tinha um emprego perfeito, pois algum de seus trabalhos envolvia fabricação e reparação de fechaduras e outros mecanismos de segurança. A tentação obviamente foi demais para ele, porque quando trabalhava nas fechaduras das casas de seus clientes, ele podia copiar as suas chaves! O que permitia que ele e seus três cúmplices no crime: Brown, Smith e Ainslie, retornassem em uma data posterior para roubá-los. 
O último crime de Brodie e seu declínio, foi quando ele assaltou a secretaria de tributação de Sua Majestade no Tribunal de Chessel, em Canongate. Embora o próprio Brodie tivesse planejado o roubo, mas as coisas saíram desastrosamente erradas. Ainslie foi capturado e imediatamente foi usado como delator para o resto da quadrilha. Brodie fugiu para a Holanda, mas foi preso em Amsterdã e foi trazido de volta para Edimburgo para ser julgado. 
O julgamento começou em 27 de agosto de 1788, apesar de poucas evidências que foram encontradas ser poderosas o suficiente para incriminar Brodie, ele só não contava que uma busca que fora realizada em sua casa encontraria as ferramentas de sua atividade ilícita. Com isso, o júri considerou tanto Brodie quanto Smith culpados e sua execução foi marcada para 01 de outubro de 1788. 
Brodie foi enforcado no Tolbooth com seu cúmplice George Smith, o comerciante demoníaco. Porém, a história de Brodie não acaba aí, pois ele havia subornado o carrasco para que este ignorasse um colarinho de aço que ele usava com a esperança de isso iria evitar o enforcamento! E além disso ele fez um acordo para ter seu corpo removido rapidamente após o enforcamento, mas as coisas não correram como esperado e ele não pôde ser revivido. 
A ironia final foi a de que Brodie foi enforcado em uma forca que ele mesmo tinha recentemente engendrado e que ele orgulhosamente ostentava para a multidão que seria a mais eficiente que já existiu. Brodie foi enterrado em uma cova não identificada na igreja paroquial de Buccleuch. 
Diz-se que a bizarra vida dupla de Brodie teria inspirado Robert Louis Stevenson, cujo pai tinha móveis feitos por Brodie. E que ele teria atribuído os aspectos da vida e do caráter de Brodie a uma dupla personalidade, surgindo a partir daí: "O Estranho Caso de Dr. Jeckyll e o Monstro".

Livro sobre esse conto: 

Em "Search of Dr. Jekyll e Mr. Hyde", um livro dos "Professores de Horror" da Faculdade de Boston, Raymond McNally e Radu Florescu, traz uma nova ótica sobre um dos personagens criminosos mais interessantes da história e prova mais uma vez que a verdade pode ser mais estranha do que a ficção.

Professores Raymond McNally (à esquerda) e Radu Florescu

Esse livro recentemente publicado reconta a lenda de William Deacon Brodie que, no final do século 18, teria aterrorizado Edimburgo, na Escócia, com assaltos noturnos enquanto posava como um cidadão honrado durante o dia. Detido e condenado a morrer, Brodie teria escapado da forca fingindo a sua morte através de uma ação ousada quando estava diante dos últimos segundos de sua vida. O túmulo destinado à ele teria sido mais tarde encontrado vazio e manteve-se vago até os dias de hoje. 
A história tornou-se parte do folclore de Edimburgo, afirma McNally, mas realizou um fascínio especial em um garoto que durante sua infância ouvia de sua babá toda noite antes de dormir sobre o conto de Brodie.
Anos mais tarde, como um adulto atormentado, Robert Louis Stevenson publicou uma releitura dessa lenda que ouvia durante sua infância. Seu conto datado de 1885: "O Estranho Caso de Dr. Jekyll e o Monstro", rapidamente transformou o conto de Edimburgo em uma literatura criminosa clássica que tem estado presente no imaginário das pessoas por mais de um século. 
McNally e Florescu - professores do Departamento de História - fazem uma análise profunda dos temas psicológicos e sociais presentes na história de Brodie e no conto de Dr. Jekyll e o Monstro: crime, conflitos religiosos, homossexualismo, drogas e álcool e o comando de uma "vida dupla". 
McNally explica que o interesse das pessoas por temas desse tipo pode estar relacionado ao que os alemães chamam de teoria schadenfrende, que: "É a alegria quando você vê alguém escorregar numa casca de banana", explica o professor. "A maioria de nós gosta de se comparar com alguém que está em situação pior que a sua". Você diz: "Ei, eu estou fora de forma, mas ele está bem pior". 
Mas, para melhor entender a história de Dr. Jekyll e o Monstro, Florescu e McNally dizem que também é importante compreender a vida de Stevenson, autor de livros como "Kidnapped", "Treasure Island" e "A Child's Garden of Verses". 

Robert Louis Stevenson

Por mais que Stevenson refletisse publicamente os traços vitorianos britânicos sóbrios de decoro e piedade, de acordo com os professores, ele teria se baseado em sua própria vida secreta, composta do uso de narcóticos, álcool e decadência sexual. "Stevenson também possuía uma vida dupla", disse McNally. "Ele era respeitável, mas adorava apreciar - em suas próprias palavras: "as prostitutas e ladrões, a parte baixa da cidade". 
McNally e Florescu também acompanham o desenvolvimento da lenda de Dr. Jekyll e o Monstro em produções teatrais, em rádio e na televisão ao longo dos anos. "Houveram mais filmes sobre Dr. Jekyll e o Monstro do que qualquer Frankenstein ou Drácula", diz McNally, "e todos eles seguem a linha da história popularmente conhecida".

Agradecimentos à: bc.edu e historic-uk.com
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